Ansiedade digital: quando estar “sempre online” pesa na mente

Ansiedade digital é o desconforto, a inquietação ou a angústia ligada ao uso excessivo de telas e dispositivos digitais, como smartphones, computadores e redes sociais. Ela também se manifesta no medo de ficar sem acesso à internet ou sem o celular, conhecido como nomofobia.
Não se trata apenas de usar muito o celular, mas de quando isso começa a interferir no humor, no sono, nas relações e no bem-estar emocional.

Quem é mais afetado

Pesquisas brasileiras mostram que 57,3% dos adolescentes entre 12 e 17 anos passam mais de duas horas por dia em frente às telas, com média de 3,25 horas diárias. Em outro estudo, 76,7% de estudantes adolescentes relataram níveis graves de nomofobia, sendo 78,7% do sexo feminino. Universitários e jovens adultos também estão entre os mais afetados. Quanto mais horas com o smartphone, maior a associação com ansiedade social e dependência digital.

As novas gerações cresceram com dispositivos ao alcance das mãos, conectadas desde cedo e expostas a comparações constantes nas redes sociais. A pressão por visibilidade, o ritmo das notificações e a sensação de “perder algo” ao se desconectar tornam o cérebro mais suscetível à ansiedade.
Estudos mostram que diferentes tipos de uso de tela, como tempo em telefone, internet e televisão, estão associados ao aumento de sintomas de ansiedade e depressão.

Como reconhecer se você sofre de ansiedade digital

Observe alguns sinais comuns:

• Inquietação ou irritação quando não consegue acessar o celular ou a internet
• Verificação constante do celular, mesmo sem notificações novas
• Dificuldade para dormir e sono fragmentado devido ao uso de telas à noite
• Sensação de isolamento, mesmo com intensa presença digital
• Uso das redes que antes trazia prazer, mas agora causa cansaço ou culpa
• Prejuízo nas relações, no trabalho ou nos estudos por causa do tempo de tela
• Percepção de perda de controle sobre o uso dos dispositivos

Se você se identifica com vários desses sintomas, talvez esteja enfrentando ansiedade digital.

O que fazer para melhorar

Estabeleça limites
Defina horários sem tela, como 30 minutos antes de dormir ou durante as refeições.
Ative o modo “não perturbe” e silencie notificações para reduzir interrupções.
Crie zonas livres de dispositivos, como o quarto ou a mesa de jantar.

Use a tecnologia com mais consciência
Antes de abrir um aplicativo, pergunte a si mesmo por que está fazendo isso.
Perceba como se sente depois de usar o celular. Se se sentir vazio, irritado ou cansado, talvez seja hora de mudar o hábito.
Procure consumir conteúdos que nutram, e não que esgotem.

Cuide do corpo e do descanso
Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
Inclua momentos regulares sem tecnologia, como caminhadas, leitura ou conversas presenciais.
Pratique atividades físicas e exercícios de respiração, que ajudam a reduzir a ansiedade e a melhorar o sono.

Se você é profissional da saúde ou estudante
Reserve pausas reais longe de telas.
Valorize as interações presenciais, que fortalecem o vínculo e o bem-estar emocional.

Quando buscar ajuda profissional

Procure um psiquiatra ou psicóloga se a ansiedade relacionada ao uso de dispositivos estiver interferindo no seu sono, humor, produtividade ou relacionamentos. Também é importante buscar ajuda se sentir irritabilidade constante, exaustão, isolamento ou a sensação de que a tecnologia está no controle. Mesmo após ajustar hábitos, se o desconforto permanecer, o acompanhamento profissional pode ajudar a reequilibrar a mente e restaurar o bem-estar.

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Dra Natalia Soledade

Dra. Natália Soledade é médica psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (2005), com especializações práticas em psiquiatria pela Residência Médica do Complexo Hospitalar Psiquiátrico do Juquery (2007) e no Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência – SEPIA (2008).

Atende presencialmente em São Paulo e também oferece consultas online. Mãe de menino, apaixonada por viagens e jogar tênis, a Dra. Natália une experiência clínica à sensibilidade de quem valoriza cada história pessoal.

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