Compulsão alimentar, TDAH e ansiedade

A obesidade não é apenas o acúmulo de gordura no corpo — muitas vezes, ela carrega consigo um histórico silencioso de compulsão alimentar, ansiedade, impulsividade e dificuldade de autorregulação emocional. Pesquisas recentes mostram que transtornos como TDAH e ansiedade têm relação direta com a compulsão alimentar — e que compreender essa conexão é essencial para oferecer um tratamento completo e eficaz.

Em muitos casos, pacientes pré-operatórios da cirurgia bariátrica acabam tendo mais compulsão alimentar devido a ansiedade relacionada a mudança brusca que enfrentarão após a cirurgia. Além disso, a cirurgia não é a solução do problema, o reganho de peso acontece em 92% das pessoas que fizeram o procedimento, o que revela a importância de um acompanhamento com médico psiquiatra para tratar a obesidade. 

Quando a fome vem da mente

Um estudo publicado no Journal of Human Nutrition and Dietetics (2025) analisou 285 pacientes com obesidade em fila de espera para a cirurgia bariátrica. Os dados são alarmantes:

  • 28,8% apresentavam comportamento alimentar compulsivo
  • 22,1% demonstraram padrão de comer emocional
  • 65% tinham altos níveis de ansiedade
  • 77% apresentavam sintomas de depressão

Ou seja, a maioria desses pacientes com compulsão alimentar também vivia um sofrimento emocional intenso.

A pesquisa conclui que, além dos aspectos metabólicos, é preciso olhar com atenção para os transtornos mentais associados à obesidade, principalmente quando há comportamentos de comer por impulso ou como forma de aliviar emoções difíceis.

E o que o TDAH tem a ver com compulsão alimentar?

Mais do que se imagina. Um outro estudo, publicado na Obesity Reviews (2024), mostrou que o TDAH é até três vezes mais frequente em adultos obesos candidatos à cirurgia bariátrica — e até seis vezes mais comum em adolescentes.

Isso não é coincidência. O TDAH está diretamente ligado à impulsividade, dificuldade de controle inibitório, busca por recompensas imediatas e baixa tolerância à frustração — comportamentos que podem contribuir para episódios de compulsão alimentar, principalmente em contextos emocionais desafiadores.

Tratar só o corpo não é suficiente

Ignorar os fatores emocionais e neuropsiquiátricos no tratamento da obesidade é como tratar só metade da questão.

Seja ansiedade, TDAH ou depressão, esses transtornos influenciam diretamente o comportamento alimentar e podem comprometer tanto o processo pré-operatório quanto os resultados pós-cirurgia bariátrica. Por isso, a avaliação psiquiátrica e psicológica é uma etapa essencial para um tratamento mais efetivo e duradouro.

Um plano de cuidado que considera o todo na compulsão alimentar

Se você ou alguém próximo está lidando com compulsão alimentar, ansiedade ou suspeita de TDAH no contexto da obesidade, saiba que isso não é falta de força de vontade — é uma questão de saúde mental. E saúde mental também se trata, com escuta, acolhimento e estratégia clínica.

Como médica psiquiatra, estou aqui para ajudar você a entender o que está por trás do seu comportamento alimentar e construir, juntos, um plano terapêutico mais completo.

Agende uma consulta e dê o primeiro passo para cuidar da mente, do corpo e da sua história com a alimentação.

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Dra Natalia Soledade

Dra. Natália Soledade é médica psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (2005), com especializações práticas em psiquiatria pela Residência Médica do Complexo Hospitalar Psiquiátrico do Juquery (2007) e no Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência – SEPIA (2008).

Atende presencialmente em São Paulo e também oferece consultas online. Mãe de menino, apaixonada por viagens e jogar tênis, a Dra. Natália une experiência clínica à sensibilidade de quem valoriza cada história pessoal.

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