Depressão é um transtorno de humor marcado por alterações persistentes no estado emocional e nas funções corporais. Não se trata apenas de sentir-se triste de vez em quando, mas de experimentar uma série de sintomas que afetam a forma de pensar, sentir e agir. Esses sinais podem durar semanas ou meses e interferir no desempenho escolar, profissional e nas relações pessoais.
Para diagnosticar um episódio depressivo maior, o DSM-5 exige a presença de pelo menos cinco dos seguintes sintomas durante quase todos os dias, por um período mínimo de duas semanas:
- humor deprimido ou irritabilidade
- perda de interesse ou prazer em atividades antes valorizadas
- aumento ou redução significativa do apetite e do peso
- insônia ou sono excessivo
- agitação ou retardo psicomotor
- fadiga intensa ou perda de energia
- sentimentos de inutilidade ou culpa desproporcional
- dificuldade de concentração ou tomada de decisões
- pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida
Estágios da depressão
No início, podem surgir cansaço excessivo e leve dificuldade para dormir. Com o avanço, o isolamento social se intensifica e a motivação desaparece mesmo para tarefas simples. Em estágios graves, a pessoa deixa de cumprir compromissos mínimos, pode desenvolver sintomas físicos como dores difusas e, em casos extremos, apresentar delírios ou alucinações que reforçam crenças negativas sobre si mesma.
A empatia e a escuta são fundamentais. Demonstrar presença sem julgamento, oferecer ajuda prática nas atividades diárias e manter o diálogo aberto sobre pensamentos negativos faz diferença. Acompanhar a pessoa a uma consulta médica ou psicológica é um gesto de cuidado que pode reduzir o medo inicial de buscar tratamento.
Tratamentos para combater os sintomas de depressão
Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, como sertralina e fluoxetina, são a primeira escolha para muitos casos. Quando há sintomas ansiosos ou dor crônica associada, os inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina, como duloxetina, costumam ser preferidos. Para quadros com fadiga intensa, a bupropiona é uma opção. Em depressões resistentes, tratamentos rápidos como esketamina intranasal ou cetamina intravenosa oferecem alívio em poucas horas, especialmente em casos de alto risco de suicídio.
Depressão e comorbidades psiquiátricas
Depressão raramente aparece isolada: é muito comum que ela se cruze com outros transtornos psiquiátricos, potencializando o sofrimento e complicando o tratamento. Pessoas com depressão frequentemente apresentam ansiedade generalizada, alimentando um ciclo de preocupações e tensão contínua, e cerca de metade dos pacientes com transtorno do pânico desenvolve também sintomas depressivos. Transtornos de estresse pós-traumático guardam com a depressão laços estreitos, já que recordações intrusivas e hipervigilância podem levar ao esgotamento emocional.
Além disso, o uso indevido de substâncias, seja álcool ou outras drogas, muitas vezes surge como tentativa de automedicação, mas acaba agravando tanto o humor deprimido quanto o risco de suicídio.
Vale ressaltar que, quadros bipolares combinam fases de depressão profunda e episódios maníacos ou hipomaníacos, exigindo monitoramento cuidadoso para ajustar medicações sem precipitar oscilações de humor. Essa sobreposição de sintomas mostra por que uma avaliação psiquiátrica abrangente é essencial para desenhar um plano de tratamento que atue em todas as frentes.
Quando buscar ajuda com psiquiatra
Se os sintomas persistirem por mais de duas semanas e interferirem nas tarefas diárias, é hora de procurar um psiquiatra. Ideias suicidas, isolamento profundo, quedas no desempenho escolar ou profissional e sintomas físicos inexplicáveis (tais como queda de cabelo ou cansaço extremo) indicam a necessidade de avaliação especializada. O psiquiatra poderá confirmar o diagnóstico, ajustar medicação e recomendar psicoterapia para complementar o tratamento.
Reconhecer os sintomas de depressão e agir cedo aumenta muito as chances de recuperação. Se você ou alguém próximo apresenta sinais consistentes com depressão, agende uma consulta com um psiquiatra e comece o cuidado que faz toda a diferença.