Sintomas de estresse: como aparecem no dia a dia

sintomas de estresse

Estresse é a resposta do corpo e da mente a demandas e pressões. Em doses pequenas, ajuda a cumprir prazos. Quando os sintomas de estresse viram rotina, bagunça sono, humor, foco e o corpo inteiro. No dia a dia, costuma aparecer assim: dificuldade de concentrar, irritabilidade, ansiedade, dores de cabeça e musculares, aperto no peito, “estômago embrulhado”, sono ruim e mudança no apetite. Também pode fazer você comer por impulso, usar mais café, álcool ou cigarro, e se isolar. 

Existem diferenças entre estresse e ansiedade. Estresse costuma ter um gatilho claro (prova, prazo, conflito) e tende a baixar quando o gatilho passa. Ansiedade pode seguir mesmo sem motivo evidente e virar um transtorno. Os sintomas se sobrepõem, por isso vale observar duração e impacto. 

Estresse pode “virar” outro problema de saúde?

Estresse prolongado aumenta o risco de depressão e ansiedade, piora dores e problemas gastrointestinais, e pode levar a pessoa a fazer uso de substâncias. Em termos biológicos, ativar por muito tempo o sistema de “alarme” (hormônios do estresse) desregula vários circuitos do corpo. 

Coração e cérebro: existe relação com infarto ou AVC?

Existe e está cada vez melhor documentada. Pessoas expostas a alta tensão no trabalho (“job strain”  muita demanda com pouco controle) têm maior risco de doença coronariana. Trabalhar muitas horas também se associa a risco maior de AVC e doença do coração. Em análises específicas, estresse ocupacional se ligou a maior risco de AVC, com sinal mais forte em mulheres. Em quem já tem doença cardíaca, alto estresse percebido piora desfechos. Isso não quer dizer que “todo estresse causa infarto”, mas que reduzir estresse crônico e melhorar condições de trabalho faz parte de cuidar do coração. 

Existe tratamento medicamentoso para estresse?

Não há um “remédio para estresse” como sintoma isolado. O caminho são medidas não farmacológicas como: higiene do sono, atividade física regular, técnicas de relaxamento/respiração, terapia cognitivo-comportamental e ajustes práticos de rotina (agenda, pausas, limites). 

Tratar condições associadas, quando presentes e diagnosticadas (por exemplo, transtornos de ansiedade, depressão, insônia). Nesses casos, o médico pode indicar psicoterapia e, se necessário, medicação apropriada para o transtorno. Uso pontual de medicamentos pode ser considerado em situações específicas. Benzodiazepínicos exigem muita cautela por risco de dependência e costumam ser evitados no uso contínuo.

Quem sofre mais com sintomas de estresse na carreira?

Relatórios populacionais indicam prevalência acima da média de estresse relacionado ao trabalho em: saúde e assistência social, administração pública/segurança social e educação. Em termos de ocupação, profissionais e associados a profissões têm taxas mais altas, e alguns grupos com contato intenso com o público se destacam: profissionais de saúde, proteção/segurança, ensino e cuidado pessoal. Em geral, mulheres apresentam taxas maiores de estresse relacionado ao trabalho do que homens nesses levantamentos. Principais causas relatadas: sobrecarga e prazos, responsabilidade excessiva e pouco apoio gerencial. 

E crianças e adolescentes também tem sintomas de estresse?

Crianças e adolescentes também estressam e mostram de forma diferente: nas menores, pode aparecer como grude nos adultos, regressões, irritabilidade e mudança de sono/apetite; nas maiores, mais queixas físicas, preocupação, dificuldade de focar e alterações de humor. Globalmente, problemas de saúde mental nessa faixa etária são comuns e o estresse crônico é um dos gatilhos. Pais e escolas ajudam muito ao reconhecer sinais e ajustar demandas. 

O que realmente ajuda?

  • Sono: horário relativamente fixo, reduzir tela antes de deitar, luz natural de manhã.
  • Corpo em movimento: caminhadas, alongamento, exercícios prazerosos.
  • Pausas e limites: blocos de foco com respiros programados; aprender a dizer “não”.
  • Respiração/atenção plena: 4–6 (inspira 4, solta 6) por 2–3 minutos em momentos de tensão.
  • Rotina possível: planejar o dia com 3 prioridades; delegar o delegável.
  • Conversa: alinhar expectativas com chefia/família; pedir ajuda cedo. 

Quando buscar apoio?

Procure um profissional se, por duas semanas ou mais, você notar estresse com: sono sempre ruim, irritabilidade que atrapalha relações, quedas de desempenho, uso crescente de álcool/cigarro para “aguentar”, pensamentos de desesperança ou sintomas físicos frequentes (dores, palpitações, falta de ar) sem explicação. É urgência se houver dor no peito suspeita de coração, sinais de AVC (fraqueza/fala enrolada/assimetria facial) ou risco de autoagressão. Nesses casos, busque serviço de emergência imediatamente.

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Dra Natalia Soledade

Dra. Natália Soledade é médica psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (2005), com especializações práticas em psiquiatria pela Residência Médica do Complexo Hospitalar Psiquiátrico do Juquery (2007) e no Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência – SEPIA (2008).

Atende presencialmente em São Paulo e também oferece consultas online. Mãe de menino, apaixonada por viagens e jogar tênis, a Dra. Natália une experiência clínica à sensibilidade de quem valoriza cada história pessoal.

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