Se você é pai ou mãe com a agenda cheia, sabe como um desenho no tablet, televisão ou celular pode ser um “respiro” no dia. Mas o tempo de tela para crianças vai muito além de entretenimento: ele pode influenciar o cérebro, as emoções e até a vida adulta dos pequenos. Reconhecer esse impacto não é buscar culpados, e sim oferecer informação para escolhas mais saudáveis em família.
O que a neurociência diz sobre o tempo de tela para crianças
No estudo de John S. Hutton et al. (2019), publicado no JAMA Pediatrics, pré-escolares que ultrapassavam 1 hora diária de tela apresentaram redução na integridade da substância branca do cérebro, área vital para linguagem e autocontrole. Esses achados reforçam que o tempo de tela para crianças deve ser monitorado desde cedo, com mediação dos pais sempre que possível.
Revisão com 292 000 crianças comprova riscos emocionais
Em 2025, a Australian Catholic University analisou 117 estudos envolvendo 292 000 crianças de 0 a 10 anos. A conclusão foi clara: o excesso de tela aumenta o risco de ansiedade, depressão, agressividade e déficit de atenção . Além disso, crianças com dificuldades emocionais tendem a recorrer ainda mais às telas, criando um ciclo que agrava os sintomas. Por isso, definir limites para o tempo de tela para crianças é fundamental.
Consequências que ultrapassam a infância
O que acontece na infância serve de base para toda a vida. Excesso de tela pode:
- Comprometer a autorregulação, resultando em adultos mais impulsivos
- Reduzir competências sociais, pois interação virtual não substitui o contato humano
- Aumentar risco de transtornos de humor, visto que padrões aprendidos cedo tendem a persistir
- Desregular o sono, levando a insônia crônica
Controlar o tempo de tela para crianças hoje é investir na saúde mental e comportamental de amanhã.
Como equilibrar o tempo de tela para crianças em famílias atarefadas
- Defina limites claros
- Até 1 hora diária de tela para 2–5 anos, mas escute a opinião do pediatra sobre este tema.
- Para 6 anos ou mais, determine momentos específicos (por exemplo, após a lição de casa)
- Pratique a co-visualização
- Assista com seu filho sempre que possível e converse sobre o que veem
- Pergunte “O que você aprendeu?” ou “Por que aquele personagem agiu assim?”
- Ofereça alternativas atrativas
- Reserve passeios ao ar livre, leitura conjunta ou jogos de tabuleiro
- Crie rituais de desconexão, como hora da história antes de dormir
- Use ferramentas de controle
- Aplicativos que bloqueiam o uso após o tempo definido
- Alarmes que sinalizam pausas necessárias
- Seja exemplo
- Diminua seu próprio tempo de tela na frente das crianças
- Mostre que há outras formas de relaxar, como uma conversa ou uma caminhada
- Diminua seu próprio tempo de tela na frente das crianças
O tempo de tela para crianças não deve ser sinônimo de culpa, mas de equilíbrio. Na correria do dia a dia, estabelecer regras claras e promover alternativas reais pode parecer mais uma tarefa, mas é também a melhor maneira de proteger o desenvolvimento cognitivo e emocional das próximas gerações. Adote práticas baseadas na ciência e transforme minutos de tela em oportunidades de convívio, aprendizado e bem-estar para toda a família.
Diagnósticos que exigem cuidado redobrado com tempo de tela para crianças
Crianças com transtorno do espectro autista (TEA) merecem atenção especial ao tempo de tela para crianças, pois o excesso de estímulos visuais e sonoros pode agravar sintomas de sobrecarga sensorial e prejudicar a autorregulação emocional. Em pequenos com TDAH, conteúdos muito dinâmicos e fragmentados tendem a reforçar distração e impulsividade, dificultando ainda mais o foco e o desempenho escolar. Além disso, em quadros de distúrbios do sono, qualquer exposição a telas próxima ao horário de dormir interfere na secreção de melatonina, prolonga o tempo para adormecer e compromete a qualidade do repouso, desencadeando um ciclo de irritabilidade e fadiga diurna.
Quando buscar ajuda médica para uso excessivo de telas
É fundamental procurar orientação profissional sempre que o tempo de tela para crianças começar a gerar dependência ou mudanças comportamentais significativas. Deve-se agendar uma avaliação pediátrica se a criança apresentar irritabilidade constante, recusa em interromper o uso mesmo após limites combinados, queda no rendimento escolar ou isolamento social. Caso surjam sintomas como ansiedade intensa, regressão de habilidades (linguagem, autonomia) ou insônia persistente, o encaminhamento a um neurologista infantil ou a um psiquiatra pode ser indicado para investigação aprofundada e definição de um plano terapêutico adequado.