O transtorno bipolar é um tema que ainda gera muitas dúvidas e, por vezes, o diagnóstico pode levar um tempo. É importante a troca de experiência entre o paciente e o médico psiquiatra sobre essa condição para que possamos identificar os primeiros sinais e buscar o tratamento adequado o mais cedo possível. Na psiquiatria nosso foco é baseada na ciência para propor o tratamento de uma forma individual para cada pacientes.
Muitos estudos focam na depressão como um ponto de partida para o diagnóstico de transtorno bipolar, e isso faz sentido, já que a fase depressiva é uma das características marcantes dessa condição. No entanto, o transtorno de ansiedade e, até mesmo, o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) também podem ser diagnósticos iniciais em alguns pacientes que, ao longo do tempo, desenvolvem o transtorno bipolar.
Um estudo recente, publicado no Journal of Affective Disorders em 2025, acompanhou um grande grupo de pacientes por até dez anos para entender melhor essa transição. Essa pesquisa nos trouxe dados valiosos sobre as taxas de conversão para o transtorno bipolar a partir do transtorno depressivo maior (TDM), dos transtornos de ansiedade e do TDAH.
O que essa pesquisa científica revela:
Essa análise constatou que, de um grupo de mais de 21 mil pacientes, 1.232 foram diagnosticados com transtorno bipolar ao longo de dez anos. As taxas de conversão ajustadas em um ano foram as seguintes:
- Transtorno Depressivo Maior (TDM): 4,2%
- Transtornos de Ansiedade: 3,4%
- Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): 4,0%
Quando olhamos para um período de dez anos, essas taxas aumentam para:
- Transtorno Depressivo Maior (TDM): 11,4%
- Transtornos de Ansiedade: 9,4%
Qual aprendizado sobre transtorno bipolar neste artigo científico?
Embora o transtorno depressivo maior continue sendo a condição com maior risco de evoluir para o transtorno bipolar, os transtornos de ansiedade e o TDAH também merecem nossa atenção. É fundamental estarmos atentos à história do paciente e à evolução dos seus sintomas ao longo do tempo.
O estudo também identificou alguns fatores de risco que podem estar associados a essa transição para o transtorno bipolar, independentemente do diagnóstico inicial:
- Idade entre 19 e 29 anos: Essa faixa etária parece ser um período de maior vulnerabilidade para a manifestação do transtorno bipolar.
- Ambiente de tratamento (emergência e internação): Pacientes que buscaram ajuda em serviços de emergência ou precisaram de internação podem apresentar um risco maior.
- Uso de medicamentos psicotrópicos: O uso de certas medicações pode estar associado à identificação ou ao desenvolvimento do transtorno bipolar.
Além disso, o estudo apontou que formas mais graves e com características psicóticas do transtorno depressivo maior representam um risco ainda maior de transição para o transtorno bipolar.
Atenção especial à infância e adolescência:
É importante ressaltar que, embora os fatores de risco para a conversão fossem semelhantes, as taxas de transição foram menores em crianças, especialmente naquelas com TDAH. No entanto, essas crianças com TDAH apresentaram uma taxa mais alta de conversão para o transtorno bipolar quando adultas, reforçando a importância de um acompanhamento contínuo.
Como médica psiquiatra, esses dados reforçam a necessidade de uma avaliação cuidadosa e contínua dos meus pacientes. É essencial não nos apegarmos a um único diagnóstico inicial e estarmos abertos à possibilidade de uma evolução para o transtorno bipolar. Isso, especialmente em pacientes com histórico de depressão grave, sintomas de ansiedade persistentes ou diagnóstico de TDAH, principalmente se surgirem mudanças significativas no humor, energia e comportamento.
Precisa de ajuda de uma psiquiatra em São Paulo?
Se você ou alguém que você conhece possui um diagnóstico de depressão, ansiedade ou TDAH, e percebe mudanças significativas no humor, com períodos de elevação incomum da energia, irritabilidade, pensamentos acelerados ou comportamentos impulsivos, é crucial buscar uma avaliação feita durante uma consulta psiquiátrica completa. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para um bom prognóstico e para a melhora da qualidade de vida.
Lembre-se, cada jornada é única, e entender os possíveis caminhos nos ajuda a oferecer um cuidado mais completo e individualizado. Estou aqui para ajudar você a entender melhor o transtorno bipolar e a encontrar o melhor caminho para o seu bem-estar. Não hesite em agendar sua consulta particular comigo!