A autolesão, como cortes, queimaduras ou outros comportamentos de autoagressão sem intenção de morrer, é um sinal de sofrimento intenso e um sintoma frequente em pessoas com transtorno de personalidade borderline. Estudos mostram que intervenções psicológicas especializadas, como a Terapia Comportamental Dialética, reduzem de forma significativa episódios de autolesão e comportamentos relacionados ao risco suicida em pessoas com esse transtorno.
O que é o transtorno de personalidade borderline
O transtorno de personalidade borderline, frequentemente chamado apenas de borderline, é caracterizado por instabilidade emocional marcante, relações interpessoais intensas e instáveis, imagem de si fragmentada, impulsividade e comportamentos de risco. Muitas pessoas com esse diagnóstico descrevem sentir emoções muito intensas que parecem incontroláveis, o que pode levar a estratégias de enfrentamento que, no curto prazo, aliviam o sofrimento, mas no longo prazo trazem prejuízos e riscos, como a autolesão.
Por que a autolesão acontece no borderline
A autolesão não é simplesmente um pedido de atenção nem está sempre ligada a intenção suicida. Na maioria das vezes é uma tentativa de regular uma emoção avassaladora, de interromper um estado interno intolerável ou de lidar com sentimentos como vazio, culpa ou raiva. Em alguns casos é também uma forma de comunicação diante da dificuldade em expressar sofrimento de outra maneira. Entender essa função ajuda a guiar o tratamento de forma mais efetiva.
Sinais de alerta de autolesão e risco suicida
- Ferimentos repetidos sem explicação plausível, especialmente em antebraços e coxas.
- Comentários ou postagens sobre não aguentar mais, sentir-se um peso ou desejar desaparecer.
- Isolamento social, mudanças bruscas de humor e perda de interesse por atividades antes apreciadas.
Se houver risco iminente de suicídio, procurar serviços de emergência ou linhas de apoio imediatamente é essencial. A prevenção salva vidas e envolve avaliação profissional rápida e suporte imediato.
O que a evidência científica mostra sobre tratamento borderline
A DBT, desenvolvida por Marsha Linehan, é o tratamento com maior evidência para redução de autolesão e tentativas de suicídio em pessoas com diagnóstico de borderline. Diversos estudos e revisões indicam que intervenções baseadas em DBT diminuem episódios de autolesão e melhoram habilidades de regulação emocional quando comparadas a tratamentos menos estruturados. Pesquisas recentes reforçam que, em curto prazo, programas de DBT podem reduzir com mais eficácia episódios autolesivos do que tratamentos que se baseiam apenas em medicação.
As diretrizes clínicas recomendam que tratamentos como DBT sejam considerados entre as opções para manejo do transtorno, sempre avaliando riscos, comorbidades e disponibilidade de serviços.
Tratamentos e estratégias que ajudam
- Terapia Comportamental Dialética (DBT). O foco é ensinar habilidades de regulação emocional, tolerância a crises, eficácia interpessoal e atenção plena. Programas que combinam terapia individual, treino de habilidades em grupo e suporte em crise têm melhores resultados.
- Abordagem combinada quando indicado. Antidepressivos podem ser úteis para tratar sintomas depressivos e de ansiedade que coexistem com o transtorno, mas não substituem uma psicoterapia direcionada à redução de autolesão. A escolha entre medicação, psicoterapia ou combinação depende do quadro clínico e da avaliação profissional.
Como apoiar alguém que se autolesiona
- Ouça sem julgar. Frases acolhedoras que validem a dor são mais úteis do que repreensões.
- Incentive a busca por avaliação profissional. Psicólogos e psiquiatras especializados podem oferecer plano de segurança e tratamento adequado.
- Em situações de risco iminente, não deixe a pessoa sozinha e contate serviços de emergência ou linhas de apoio.
DBT em adolescentes e outros grupos
A versão adaptada da DBT para adolescentes, conhecida como DBT-A, também mostrou eficácia para reduzir automutilação e ideação suicida em jovens com comportamento autolesivo repetido. Isso reforça que intervenções estruturadas que ensinam habilidades de regulação são úteis em diferentes faixas etárias, desde que adaptadas ao contexto do Paciente e da família.
A autolesão em pessoas com transtorno de personalidade borderline é uma expressão de sofrimento que exige cuidado especializado. Abordagens psicoterápicas específicas, em especial a DBT, têm evidência robusta de benefício na redução de episódios autolesivos e devem ser discutidas com profissionais qualificados. Se você está vivendo isso ou conhece alguém nessa situação, procure orientação de um profissional de saúde mental, construa uma rede de apoio e, em caso de risco, acione imediatamente os serviços de emergência.



