Transtorno de ansiedade: o que a ciência revela sobre o cérebro ansioso

Transtorno de ansiedade

O transtorno de ansiedade é uma das condições psiquiátricas mais comuns no mundo. Medo constante, inquietação, tensão muscular, dificuldade para relaxar e pensamentos acelerados são alguns dos sintomas que acompanham quem convive com esse diagnóstico. Mas você já se perguntou o que acontece no cérebro de quem vive assim?

Neste artigo, você vai entender o que há de mais recente sobre os mecanismos cerebrais por trás do transtorno de ansiedade — e como isso influencia os tratamentos disponíveis.

Existe diferença entre transtorno de ansiedade e transtorno de ansiedade generalizada?

Sim! O termo “transtorno de ansiedade” é usado como guarda-chuva para várias condições como pânico, fobias, ansiedade social e o próprio Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Já o TAG é um transtorno específico dentro desse grupo, tem como sintomas a preocupação constante com muitas áreas da vida, mesmo que não haja indicação de problemas. 

Transtorno de ansiedade e o cérebro: o que a neuroimagem tem revelado?

De acordo com um estudo publicado em 2024 na revista European Psychiatry (Johnson LM e White CD, DOI: 10.1016/j.eurpsy.2024.09.045), técnicas modernas de neuroimagem funcional têm permitido mapear com mais precisão o que acontece no cérebro de pessoas com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e transtorno do pânico (TP).

Utilizando ressonância magnética funcional (fMRI) e tomografia por emissão de pósitrons (PET), os pesquisadores analisaram como certas áreas do cérebro reagem diante de tarefas que envolvem estímulos emocionais. Os achados são reveladores:

  • Amígdala hiperativa: Indivíduos com transtorno de ansiedade apresentaram maior ativação da amígdala diante de situações que envolvem ameaça. Isso significa que o cérebro interpreta certos estímulos como perigosos, mesmo quando não há risco real.
  • Conectividade reduzida com o córtex pré-frontal: Houve uma redução na comunicação entre a amígdala e o córtex pré-frontal medial (região ligada ao controle racional das emoções). Esse “desconforto” entre razão e emoção ajuda a explicar por que, mesmo sabendo que o medo é irracional, a pessoa não consegue evitá-lo.
  • Ínsula anterior e transtorno do pânico: Nos casos de transtorno do pânico, foi observada uma ativação intensa da ínsula — região que processa sensações corporais. Isso reforça a ligação entre pânico e sensações físicas como falta de ar, taquicardia e sudorese.
  • Redução do volume do hipocampo: Pacientes com transtorno de ansiedade também apresentaram alterações estruturais, como a redução do volume do hipocampo — área associada à memória emocional e ao contexto do medo.

Esses achados reforçam que o transtorno de ansiedade não é apenas psicológico, mas tem raízes biológicas profundas.

O que isso muda no tratamento?

A ciência do cérebro ansioso tem direcionado intervenções cada vez mais personalizadas. Com base nos resultados do estudo, os autores sugerem que novas abordagens podem surgir a partir dos dados de neuroimagem.

Por enquanto, o tratamento mais eficaz para o transtorno de ansiedade ainda combina:

  • Psicoterapia, com destaque para a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a reestruturar padrões de pensamento e desenvolver estratégias de enfrentamento emocional;
  • Medicamentos, especialmente os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), que atuam em regiões com queda na captação de serotonina — como demonstrado no estudo;
  • Mudanças no estilo de vida, como sono regulado, alimentação equilibrada, prática de atividade física e técnicas de relaxamento como mindfulness e respiração profunda.

Além disso, os novos insights sobre conectividade cerebral e ativação da amígdala abrem espaço para futuras terapias baseadas em neuromodulação (como estimulação magnética transcraniana).

Quando procurar ajuda?

Se você percebe que os sintomas de ansiedade estão afetando sua vida social, profissional ou sua saúde física, é hora de buscar apoio. O transtorno de ansiedade tem tratamento — e quanto antes você procurar ajuda, mais leve e eficaz pode ser esse processo.

Como médica psiquiatra, estou aqui para ouvir sua história e oferecer um plano de cuidado que leve em conta suas emoções, sua história e também a ciência.

Agende sua consulta e dê o primeiro passo para entender o que o seu cérebro está tentando te contar.

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Dra Natalia Soledade

Dra. Natália Soledade é médica psiquiatra formada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (2005), com especializações práticas em psiquiatria pela Residência Médica do Complexo Hospitalar Psiquiátrico do Juquery (2007) e no Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência – SEPIA (2008).

Atende presencialmente em São Paulo e também oferece consultas online. Mãe de menino, apaixonada por viagens e jogar tênis, a Dra. Natália une experiência clínica à sensibilidade de quem valoriza cada história pessoal.

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